segunda-feira, 12 de julho de 2010

Existe discriminação contra homossexuais no mercado de trabalho?

Será que as empresas discriminam profissionais homossexuais ? Até que ponto essa discriminação afeta as relações de trabalho? Infelizmente, mesmo estando às portas do século 21, perguntas como essas ainda são difíceis de serem respondidas.

De acordo com as leis federais, é proibida a diferença de salário, exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil. Uma luta constante da sociedade atualmente é pela inclusão de uma emenda nesse artigo, com a entrada do termo "orientação sexual" na lei. Somente com essa emenda, a discriminação dos homossexuais poderia efetivamente aparecer na constituição e ser tratada abertamente.

Um exemplo da luta contra a discriminação é o Grupo Gay da Bahia, a mais antiga associação de defesa dos direitos humanos dos homossexuais do país. O GGB é uma entidade organizada para defender os direitos da comunidade homossexual da Bahia e do Brasil, lutando contra qualquer forma de preconceito contra gays, lésbicas, travestis e transexuais. O grupo organiza diversos encontros e palestras informativas e ajuda as vítimas de discriminação com um serviço de esclarecimento dentro das empresas.

O grupo guarda um grande arquivo com casos de preconceito nas mais diferentes situações de trabalho. Desde atores que são insultados na rua por interpretarem homossexuais até casos mais graves, como demissões provocadas por denúncias, muitas vezes infundadas, de comportamento escandaloso dos funcionários. Dispensas sob alegação de falta de interesse e postura indevida também são comuns nesses casos.

O preconceito sofrido pelo grupo homossexual pode ser considerado o mesmo que atinge negros, mulheres, deficientes físicos e mentais. Ele é velado, dificilmente aparece e, na maioria das vezes, não é divulgado. "Acredito que os homossexuais sofrem tanto preconceito na hora da contratação como os deficientes físicos, negros e mulheres. Algumas empresas ainda têm esquemas muito arcaicos de contratação", diz Rudney Pereira Junior, consultor de recursos humanos da Foco.

Hoje é mais comum encontrar homossexuais em profissões liberais e autonômas, onde o mercado é mais aberto. É claro que as preferências sexuais do candidato não são citadas durante uma entrevista. Ainda existe um tabu muito grande nessa área e a idéia do "homossexual caricato" continua muito presa à imagem do grupo.

Segundo o consultor da Foco, nas empresas, tudo depende muito da política de contratação e das exigências de cada uma. "Vários homossexuais passaram pela minha seleção e foram encaminhados para as empresas sem nenhum problema. Acredito que a condição ou orientação sexual de uma pessoa é algo que não deve interferir na carreira e no trabalho", finaliza Junior.

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